Por Davi Schmitz Martiny
Foto de acervo pessoal de Cristiano Storniollo
No auge da adolescência de Cristiano Storniollo surge em sua vida o que todos sempre sonharam: ter um vizinho maluco por música e baterista. Com 16 anos o garoto, influenciado pelas batidas enérgicas do Hardcore, começa a tocar bateria, com o intuito de desenvolver habilidades para formar seu grupo musical. Criar uma banda não é algo que acontece do dia para a noite. É um processo de cada indivíduo com o seu instrumento e que com o tempo cria sintonia com outros instrumentos formando canções, criando identidade, sendo literalmente uma banda.
Atualmente com 32 anos, Cristiano cursa jornalismo na Unisinos. Área acadêmica onde pretende trabalhar com acessoria em comunicação, além de ser um “crítico” nas horas vagas. Com o semblante demonstrando que teve muito divertimento ele conta como foi a sua vida atuando na música. Com 18 anos a sua primeira banda chamou-se Kaddish. Nome com significado em aramaico: prece especial que glorifica-santifica o nome de Deus, uma reza aos mortos. Tornava-se então o título de um movimento intenso de acordes e batidas. Gravaram uma demo tape, com quatro músicas inéditas, estilo hardcore nova iorquino e foram em busca da divulgação de seu trabalho. Tendo o show de maior destaque para 3.500 pessoas no ginásio da Capesca, em Torres. A banda acaba em 1997, dois anos após o começo. A dificuldade de divulgar as canções na década passada onde não havia os instrumentos tecnológicos de hoje foi de grande importância para o fim.
Logo após o fim da Kaddish, Cristiano foi convidado a se engajar em uma nova banda chamada Tribal-core. Contando com uma significativa bagagem, os caras tiveram um momento diferente. Fizeram mais de 40 shows, tocando em lugares de grande expressão como em São Paulo e Santos durante dois anos de existência. Gravando um CD independente e dividindo palco com bandas importantes, como com a americana Suicidal Tendencies em dezembro de 1997 no bar opinião. “ Por não termos uma estrutura adequada, uma pessoa que orientasse o pessoal, por exemplo, e a grande dificuldade de divulgação, pois a internet estava apenas começando a ser usada. Então resolvemos parar. O investimento era muito alto e estávamos em uma idade de muitas decisões, aos 23 anos. E também nessa idade tive uma filha, que foi algo inesperado, então a razão falou mais alto e precisei parar”, relata.
Cristiano também conta uma experiência que traduz a dificuldade e a vontade que tiveram. Por não enxergar mais o horizonte no sul do país ele mesmo colocou sua mochila nas costas, cheia de cópias da demo e embarcou em um ônibus para São Paulo, em busca de oportunidades. Com a ajuda de “Tonhinho” presidente do fã clube do Sepultura, bateu de porta em porta divulgando o trabalho e consequentemente conhecendo as artimanhas do jogo. Atitude que gerou resultado, pois foram convidados para shows logo em seguida.
Tocar por prazer e não conseguir viver da música é a rotina de muitos músicos sul americanos. Hoje Cristiano tem um emprego estável, uma filha e, independente de tudo e de todos, a música está batendo em seu coração. “A vontade de tocar é enorme, e principalmente o envolvimento com a música e o que antecede os shows, a produção, divulgação”, conta. A música independente está com seu cenário embaçado e muitas bandas com qualidade estão escondidas em garagens. Cristiano deixa seu recado: “Hoje em dia acho que falta mais criatividade, ousadia para as bandas, pois a maioria toca os mesmos estilos da moda!”
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